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segunda-feira, 4 de julho de 2011

O hambúrguer e o paraíso



- Você sabe o que é um contrato verbal? E sabe quando tem que manter a sua palavra?
- ...
- Acabei de me comprometer. É, a me casar com o John! Nós dois começamos a falar sobre encontrar a pessoa certa, se ela existe e tal. E daí eu quase pedi uma nova chance, sabe? É eu sei, você vai me perguntar se eu nunca me canso disso. Não sei o que me deu e propus que a gente casasse.
- ...
- Não! Não agora. Só se a gente não encontrasse até ninguém até 2013, daí nos casamos.
- ....
- Faltam só dois anos e eu já deveria estar escolhendo a igreja, começando a pagar o buffet, vendo todos os vestidos da cidade, do país...
- ....
- Mas agora dei pra pensar naquele indiano, sabe?
- ...
- Como que indiano?! Aquele que vinha sempre, mas só provou um hambúrguer pela primeira vez semana passada! Lembra,  na sexta eu disse a ele que ninguém poderia vir a América, ir à uma lanchonete e não comer um hambúrguer? Daí ele disse que meu sorriso era como o paraíso, então eu valia o sacrifício. Acho que o nome dele era Gamal.
- ...
- E agora eu meio que comprometi com o John, mas o Gamal me deu o telefone dele. Dois anos é muito tempo, o John nunca vai saber. Vou ligar agora. Beijo, amiga!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Senhora do destino


Esta semana matei um senador da República. Começar o ano exercitando o próprio poder dá uma sensação boa. Nem que seja o poder da palavra. Pois estava no bar, domingo à noite, a comentar que não havia tido nenhuma morte de figura importante na passagem do ano. E mal falei, o Zeca Camargo interrompeu seu discurso fantástico para comunicar a passagem de Eliseu Resende, eleito pelo Democratas de Minas Gerais.

Sei que ele foi alguém digno de nota, mas voltemos a falar de mim. Dias antes eu havia me recusado a desejar a morte de alguém justamente por ter medo de funcionar. Temia que fosse me tornar incontrolável, possuída pelo dom maligno. Começaria a enumerar quem deveria ser suprimido. Penso que haja alguns outros parlamentares que mereçam prioridade.

Vejo que o aluguel de um talento desses não pode ser desconsiderado sem uma cuidadosa análise comercial. Poderia atender assassinos profissionais, amantes dispensados, invejosos. Colocaria um cartaz em um poste na esquina da Ipiranga com a São João e outro na Ibirapuera com a Jurupis. E usaria um celular pré-pago para evitar qualquer imbróglio com as autoridades.

Também nesse aspecto seria um serviço com qualidade internacional para quebrar qualquer investigação científica: nada de rasto, digitais, testemunhas. Apenas deveria tomar cuidado para não ser vítima de eventuais despachos ou sessões de descarrego, não se deve esperar que a concorrência se perca sem protestos.

E não tem um efeito colateral. Um prócere da República se foi por minha culpa e eu dormi o sono dos pedreiros. Sonho sobre sonho numa narrativa ilógica. Construção de tanta solidez que bloqueou o som do despertador e me fez perder o trem.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Condenado no batismo


Olívia mantém um blog. Nele escreve cartas abertas. À mãe. Aos irmãos. Aos amigos e amores. Aqui republico uma que, de tão singular em sua franqueza, achei que merecia ser compartilhada. Nela, Olívia explica como o Gabriel se queimou com ela. Antes mesmo de saber articular qualquer palavra.


 “Oi, querido,

Tudo bom?

Você tem me ligado em casa e no celular, deixado recados no meu facebook ... E eu tenho agradecido sempre tanta gentileza. É tudo muito fofo, mesmo. Mas preciso lhe falar a verdade: não pode haver nada entre nós. 

Sei que você ainda não me propôs coisa alguma. Apenas tem me convidado para ir tomar uma cerveja, ou ao cinema, programas que eu poderia encarar como algo normal  entre amigos. Mas, eu estaria me fazendo de boba.

É que não posso ter nada com alguém com o seu nome. Tenho uma certa dificuldade com caras  com nomes iniciados com a letra “G”. Você seria o terceiro Gabriel na minha lista, então, não.

Meus piores traumas vieram de gente com nome dessa letra, acho que a vida poderia ter ficado só na tia Giselda, do primário, que me puxava os cabelos quando eu errava na tabuada. Mas, piorou de maneira exponencial com vocês, homens. 

Gilberto queria sexo sem nota. Cria do Serra que sou não dava para abrir mão da nota paulista. Guilherme não sabia beijar, não aprendeu nem com aula extra. Gustavo roubava minhas lingeries para vestir – descobri quando uma amiga me enviou as fotos ‘sensuais’  do perfil ‘b’ dele no facebook. 

Terminou tudo bem entre mim e o primeiro Gabriel. Achei que a maldição do G era coisa da minha cabeça ou que tinha enfim acabado. Até que ele me viu com o segundo Gabriel e o roubou na maior cara larga.  Então, posso lhe passar o telefone do casal de Gabriéis e assim poupamos tempo. 

É uma pena, se você se chamasse Bernardo, em vez de Gabriel, estaria tudo bem. O alfabeto é grande e não há ninguém com B na minha lista.

Sinto muito,

 Um abraço,
Olívia

Ps. Aviso que não vou mudar de idéia, desta vez nem Shakeaspeare me dobra, grande hipócrita! (“Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume” – William Shakespeare)
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