Mais uma amiga que se casa. Também ela quer se seu momento seja inigualável. Tímida, mantém tudo em segredo. Inclusive o que quer ganhar de presente. Nós, os convidados, estamos em pânico e por um motivo bastante original: um casamento que não tem lista.
Sei que há casos em que não é preciso dizer. Conhecemos bem a pessoa, seu gosto, e por isso reconhecemos na vitrine, ou no coração, o que tem que ser.
Admito que causar surpresa é uma delícia. Um dos últimos presentes que dei foi assim. Exigiu uma mega operação, semanas de planejamento, apoio logístico, consulta às preferências do zodíaco e até uma ousada manobra de improviso. Foi a primeira vez que consegui comprar algo e segurar até a hora exata, mais de uma semana depois. Acabei presenteada com um dos melhores sorrisos que já recebi.
Porém, há momentos em que se deve abrir o jogo. Ou, pelo menos, dizer se está quente ou frio. Adoro dar presentes, mais do que receber. Todo o processo de imaginar o que combina com a pessoa e que tenha, ao mesmo tempo, algo meu. Só que investigar a demanda de uma noiva que mora a 100km de distância e já tem casa montada é tarefa para um verdadeiro Sherlock Holmes.
Um amigo aposta que deveríamos dar dinheiro. Que ela saberá dar o devido destino aos nossos votos. Protesto: casamento de amiga não é aniversário de afilhado do namorado.
Um amigo aposta que deveríamos dar dinheiro. Que ela saberá dar o devido destino aos nossos votos. Protesto: casamento de amiga não é aniversário de afilhado do namorado.
Dinheiro não é presente. Agrada, até, mas não é a mesma coisa. Quem dá corre o risco de ser vítima do outro mais pobrinho que compra algo singelo, mas leva o obrigado mais sincero. Bem feito! Abuso do poder econômico tem que ser mesmo coibido. Só falta desenvolver uma justa medida contra aqueles que se recusam a dar uma mísera pista.
Visito sites e me decido por um edredon de milhares de fios egípcios. Para depois reconhecer que lá não faz frio o suficiente para usufruir o luxo. Hipótese descartada, minha mãe sugere sua opção coringa: um jogo de panelas. Deixo isso para quem mal a conhece e quer levar no tapetão.
Aparelho de jantar! Com 20, 30, 42 peças. Descarto os com cara de casa da vó. Apaixono-me completamente por aquele que parece saído de um filme dos anos 50, para me encantar um clique depois por um preto anguloso pós-moderno.
Lembro que o fogão dela pede clemência e lá vou fazer o orçamento. Tentar uma promoção amiga com primo convenientemente empregado nas Casas Bahia. Mas fogão é presente de mãe. Primo, quero um presente de amiga, tem?
Não quero ser útil. Quero sonhar junto. O vestido. A festa. A cortina da cozinha. Preencher o desejo da noiva com um pouco do meu. Dar-lhe algo do lugar onde um dia irei morar.
Adórável desabafo.
ResponderExcluirbjs
Reinaldo,
ResponderExcluirObrigada pelo elogio carinhoso.
Beijos
Nossa! Adorei, vc escreve muito bem. Associa o assunto com outros mundos que deixam mais engraçada e completa a crônica.
ResponderExcluirParabéns!
Lorranny Berto
Lorranny - Muito obrigada, mesmo! Pra mim é muito importante saber o que os leitores acham, e é sempre mais gostoso quando é elogio, né?
ResponderExcluirBeijos