Ela não queria ficar e o esperar. As pessoas já tinham ido. Na verdade queria sim, queria muito. Esperou tanto tempo e quando ele chegou, o sorriso iluminando o rosto, ainda com a camiseta molhada da chuva, já começou a lhe apressar. Era tanta felicidade, que mal cabia e ela só queria ir, já ter ido. Porque não sabia o que falar, queria colocar as sensações no lugar, o coração dentro do peito, ou da bolsa, do sapato, de qualquer lugar que não caísse sem ela notar.
Abobalhada, tentava responder o que ele lhe perguntava. (Onde estavam suas coisas?) Queria ir para onde pudesse gritar que já não sabia mais o que fazer de si. Que o quer. Apenas isso: quer muito. E não aceita não como resposta. Nem “tem, mas acabou”. Fez reserva até.
Acredite. Abra a agenda dela. Está ali o dia do único encontro. E o do desencontro. E o do atropelo. E aquele em que soube. Teriam sido marcados?
Conclui que é hora de rasgar tanta coisa que já foi. Que não diz mais nada de ninguém aqui. A ninguém.
Ele já está ali no carro lhe apressando de novo. Falando do resultado do jogo. E para não esquecer do guarda-chuva da Clarinha. Não, não esqueceu, está tudo aqui. Menos ela. Que está não sabe bem onde. De súbito, seu pensamento clareou: “Talvez em você”.