quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Noite do elefante


- Qual é, Marcelo, tem que ter despedida! O que tá pegando?
- Beto, o que tá pegando é que eu não vou estar pegando. Vou ter minha despedida na noite de núpcias! Não sei como, mas tenho que impressionar a Ângela, cara.
Durante os oito anos de namoro, Marcelo sempre serviu um arroz com feijão dos mais bem temperadinhos. Como sempre ouviu que as mulheres valorizavam a noite de núpcias, calculou que, no mínimo, deveria servir à francesa na lua de mel.
Beto sugeriu que fossem à banca de jornal. Voltaram com pilhas de revistas femininas. De onde concluíram que as mulheres eram loucas por artigos de sexshops. Vibradores. Gel do beijo, que esquenta, que retarda – esse podia dispensar de cara. Livros de massagem. E roupas sensuais. A vendedora ajudou. No final incluíram uma cueca de elefantinho no pedido.
Despedida garantida, Beto foi direto contar à galera, combinar logo o bar e quais meninas contratar. Marcelo foi pra casa, estudar os livros de massagem e experimentar de novo a tal cueca.
Não iria admitir pra turma, mas não sabia o que Ângela ainda estava fazendo com ele. A mulher era um clone da Penélope Cruz e ele do mais orelhudo dos cassetas.
O discurso do padre emocionou até o Beto, que ainda andava meio tonto da bebedeira da véspera. A festa avançou a madrugada, mas os noivos se recolheram por volta das 3h da manhã.
Ela decidiu se trocar no banheiro da suíte do hotel. Ele pegou seu kit sensual, reviu suas anotações da massagem e se vestiu. Sentou na cama e aguardou. Ângela abriu a porta. Tinha cheiro de pêssego e vestia uma curta camisola branca. Estancou na porta do toilete.
Marcelo ficou assombrado com a mulher. Uma assombração super positiva, que ela percebeu pelo movimento da tromba.  Movimento que também atingiu as orelhas do elefante, tão similares às de Mário. Ângela não conseguia disfarçar seu estranhamento. O olhar dela, de repente, captou os géis e os óleos de massagem no criado mudo. Nem assim se recuperou. Foi lentamente até a cama e beijou-lhe a testa:
- Nossa, estou cansada! Vamos deixar isso para amanhã. Boa noite, amor. 

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